ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO
SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA,
EM 20-11-2002.
Aos vinte dias do mês de
novembro do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e
um minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os vinte anos
da declaração de Porto Alegre e Morano Calabro como Cidades-Irmãs, nos termos
do Requerimento n° 161/02 (Processo n° 3275/02), de autoria da Mesa Diretora.
Compuseram a MESA: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre; o Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor
Pio Paternostro, Prefeito Municipal de Morano Calabro; o Ministro Mário Penaro,
Cônsul-Geral da Itália; os Senhores Domenico Voto, Francesco Guaragna e Roberto
Berardi, Vereadores de Morano Calabro; o Senhor Gennarino Laitano, Presidente
do Centro Calabrês do Rio Grande do Sul; o Senhor Francisco Morelli,
Vice-Presidente da Sociedade Italiana do Rio Grande do Sul; o Senhor Alberto
Fideli, representante da Província de Cosenza, Itália; a Senhora Norma Mara
Dei, Consultora da Província da Calábria, Itália; o Vereador Reginaldo Pujol,
na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos
para, em pé, ouvirem a execução dos Hinos Nacionais Italiano e Brasileiro e,
após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A
Vereadora Maristela Maffei, em nome da Bancada do PT, salientou a importância
da declaração de Porto Alegre e Morano Calabro como Cidades-Irmãs, saudando o
transcurso do vigésimo aniversário da celebração desse convênio, registrando os
laços familiares que unem Sua Excelência àquela cidade italiana e manifestando
sua alegria em participar da presente solenidade. Na ocasião, o Senhor
Presidente procedeu à leitura de Oficio firmado pelo Senhor Everton Braz, Chefe
do Cerimonial da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul,
informando que o Presidente daquele Parlamento, Deputado Estadual Sérgio
Zambiasi, designou o Senhor Francisco Morelli como representante daquele
Legislativo na presente solenidade. Também, o Senhor Presidente registrou a
presença do Senhor Guilherme Socias Villela, ex-Prefeito Municipal de Porto
Alegre, do Senhor Telmo Kruse, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de
Porto Alegre e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores
Vereadores. O Vereador João Antonio Dib, em nome das Bancadas do PPB e PPS,
prestou sua homenagem ao transcurso do vigésimo aniversário da declaração de
Porto Alegre e Morano Calabro como Cidades-Irmãs, enaltecendo a importância da
participação da comunidade calabresa residente na Cidade na busca do
desenvolvimento econômico de Porto Alegre. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome
da Bancada do PFL, salientou a justeza da homenagem hoje prestada pela Câmara
Municipal de Porto Alegre aos vinte anos da declaração de Porto Alegre e Morano
Calabro como Cidades-Irmãs, comentando dados alusivos às circunstâncias em que
foi firmado esse convênio, no ano de mil novecentos e oitenta e dois. A seguir,
o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Gennarino Laitano, Mário
Penaro, Francesco Guaragna, este pronunciando-se em nome do Senhor Mirko
Tremaglia, Ministro para os Cidadãos Italianos no Mundo, e João Verle, que
destacaram a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de
Porto Alegre ao transcurso dos vinte anos da declaração de Porto Alegre e
Morano Calabro como Cidades-Irmãs. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a
presença dos ex-Vereadores Vicente Dutra e Wilton Araújo. Após, o Senhor
Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense
e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados
os trabalhos às vinte horas e quarenta e quatro minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelo Vereador José Fortunati e secretariados pelo Vereador
Reginaldo Pujol, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Reginaldo Pujol,
Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída
em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1° Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene destinada a homenagear a passagem dos vinte anos de Cidades-Irmãs
Porto Alegre e Morano Calabro, proposição feita pela Mesa Diretora desta Casa.
Prestigiam esta solenidade o Ex.mo Sr. Prefeito Municipal de Porto
Alegre, Dr. João Verle; o Ex.mo Sr. Prefeito Municipal de Morano
Calabro, Pio Paternostro; o Ex.mo Sr. Cônsul-Geral da Itália,
Ministro Mário Penaro; os Srs. Vereadores de Morano Calabro: Domenico Voto,
Francesco Guaragna e Roberto Berardi; o Sr. Presidente do Centro Calabrês do
Rio Grande do Sul, Dr. Gennarino Laitano; o Sr. Vice-Presidente da Sociedade
Italiana do Rio Grande do Sul, Dr. Francisco Morelli; o Sr. Representante da
Província de Cosenza, Alberto Fideli; a Sr.ª Consultora da Província da
Calabria, Norma Mara Dei; o Dep. César Buzatto, que nos dá a alegria da sua
presença; Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, distintas autoridades
de Morano Calabro, senhores descendentes da comunidade italiana em Porto
Alegre; demais autoridades presentes, senhores da imprensa, senhoras e
senhores. Queremos, em nome de todos os Vereadores desta Casa, dar as
boas-vindas a todos que nos dão a honra de suas presenças na data de hoje.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional da Itália e o Hino
Nacional Brasileiro.
(Ouve-se
o Hino Nacional da Itália e o Hino Nacional Brasileiro.) (Palmas.)
Convidamos
para fazer parte da Mesa o representante da Província de Cosenza, Alberto
Fideli.
É
com muita honra e muita alegria que a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou
por unanimidade a realização desta Sessão Solene em homenagem aos vinte anos de
gemelato entre as cidades de Porto
Alegre e Morano Calabro. (Palmas.)
Sabemos
que não se trata meramente de uma formalidade, quando simplesmente dois
Prefeitos se encontram, assinam um convênio que pode ficar numa gaveta. O gemelato entre Porto Alegre e Morano
Calabro é muito mais forte do que isso. Ao longo da nossa história, falo
principalmente da cidade de Porto Alegre, a presença do povo italiano,
especialmente dos originários da região de Calabro e, em especial, de Morano
Calabro, sempre nos fez sentir a sua força, a sua cultura, a sua língua, as
suas tradições e sempre contribuiu de uma forma muito intensa para que esta
Cidade se tornasse, indiscutivelmente, uma das melhores da América Latina.
Sabemos
que o Rio Grande do Sul tem uma presença muito importante de italianos, de
descendentes de italianos, e eu me orgulho de estar entre eles. E Porto Alegre
tem uma relação muito forte com a presença de quem vem dessa bela cidade de
Morano Calabro. Comentávamos, há pouco, que chama a atenção, especialmente para
quem - como eu, minha esposa e meu filho - teve a oportunidade de conhecer
Morano Calabro, lá encontrar uma bela cidade que mais parece uma árvore de
Natal à noite, com cinco mil habitantes. E, para nossa bela e grata surpresa,
temos, na cidade de Porto Alegre, quinze mil moraneses que no dia-a-dia
constroem esta Cidade da forma mais alegre, mais forte, com toda a garra, o que
é muito típico dos calabreses. Por isso me sinto muito orgulhoso neste momento,
representando a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, representando a
totalidade desta Instituição, em dar as boas-vindas a toda a delegação, pois
vocês certamente, mesmo estando distantes da Itália, mesmo estando distantes da
Calábria e de Morano Calabro, com toda a certeza, estão em casa, porque Porto
Alegre é, indiscutivelmente, uma segunda casa de todo morador, de todo cidadão
de Morano Calabro. Sejam bem-vindos e sintam-se em casa. (Palmas.)
A
Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra e falará em nome do Partido dos
Trabalhadores.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Gostaria de dizer que me senti muito emocionada, quando coube a mim
representar a Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta homenagem, por uma
questão simples: sou de origem italiana, tanto de pai como de mãe. A família de
meu pai nasceu no norte da Itália, e a família da minha mãe, no sul da Itália.
Este é o produto do Sul e do Norte aqui no Brasil; um deles, porque, como foi
dito aqui, nesta Cidade nós temos quinze mil pessoas descendentes que também ajudam
a desenvolver a nossa Capital, e, com certeza, toda a sua graciosidade, a sua
alegria tem muito a ver com a imigração italiana, com certeza.
Há
pouco tempo estive na Itália e me senti em casa. Fui honrada de representar
esta Câmara no “Encontro de La Donna” internacional, e lá eu me senti como se
estivesse reencontrando o nono e a nona, que já estão em outro plano, não
estão mais conosco, e hoje encontrei aqui pessoas que têm o mesmo sobrenome
igual ao meu, Maffei; o da minha mãe é Vidaletti.
A
Itália, pela sua característica, me fez lembrar as histórias que o nono e a nona contavam, que, quando chegaram aqui, foram para a serra
desbravar o interior do Rio Grande do Sul, percorreram quilômetros e
quilômetros em cima de burricos – os cavalos, as mulas -, com seus filhos e lá
eles construíram as comunidades, num período triste para nós já que muitos
deles não podiam exercitar a sua linguagem, tinha que ser escondido, porque,
aqui, nós sabemos que os italianos que vieram para cá saíram de uma guerra e,
num outro período, também encontraram uma guerra, quando a ditadura, de certa
forma, foi instaurada no nosso País.
Isso
tem que ser lembrado, a minha família e as famílias dos italianos, por uma
felicidade, mantiveram os hábitos em todas as nossas atitudes: somos brigões,
esparrentos, mas somos alegres, religiosos, lutadores e guerreiros. Tenho muito
orgulho em dizer que, em Verona, onde conheci um castelo da minha família – e
aí eu brincava, anteriormente, buscando o galho das heranças, porque, aqui,
somos bastante empobrecidos -, vi que as mães e mulheres lá são muito fortes na
presença da cultura daquela região. Não é por nada que sempre admirei muito
minha nona, porque foi uma mulher
forte, que cuidava dos filhos, cuidava do lar, estava na roça, estava na nossa
vida e ainda tinha tempo de nos acarinhar, e até hoje é assim. Eu acho que isso
tem muito a ver com essa história, com essa cultura, essa vida da nossa gente.
Isso tem que nos dar muito orgulho e, com certeza, aqui, no Estado do Rio
Grande do Sul, o desenvolvimento da nossa região tem muito a ver, sob duras
penas, porque os alemães que chegaram aqui anteriormente, que também são nossos
irmãos, tinham outra concepção religiosa, pelo protestantismo, e nós, muito
mais na origem do catolicismo, tínhamos outra concepção, inclusive sobre a
questão do capital e quanto à questão do desenvolvimento.
Mas
nós estamos, hoje, num dia muito feliz, que muito nos orgulha por termos essa
irmandade; porque muito brasileira eu sou, mas, muito feliz por ter essa
descendência que nos orgulha. Quando nós estamos lá, nos sentimos em casa e
quando estamos aqui, trazemos os nossos hábitos, os nossos costumes, dos
guerreiros do mundo que enfrentaram a fome, o frio nos navios, nos porões, mas
que aqui ajudaram a construir um Brasil diferente e mais feliz, com toda a
certeza. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Desejo ler um ofício recebido do Chefe de
Cerimonial da Assembléia Legislativa. (Lê.) “De ordem do Ex.mo Sr.
Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Dep.
Sérgio Zambiasi, informamos que o Sr. Dr. Francisco Morelli representará esta
Casa na Sessão Solene em comemoração aos vinte anos de cidades-irmãs, entre
Porto Alegre e Morano Calabro, que se realizará no dia 20 de novembro do
corrente ano, no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal de Porto Alegre.”
Queremos
anunciar, com muita alegria, a presença entre nós de Guilherme Socias Villela,
ex-Prefeito, sempre Prefeito de Porto Alegre. Seja bem-vindo entre nós.
Também
queremos anunciar a presença do nosso querido amigo Telmo Kruse, Presidente do
Conselho dos Cidadãos Honorários.
O
Ver. João Antonio Dib está com palavra e falará pelas Bancadas do Partido
Progressista Brasileiro e Partido Popular Socialista.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu sempre afirmo que o tempo não
passa, nós é que passamos sem que ele seja modificado. Há 20 anos, um grande
Prefeito desta Cidade, que aqui está presente hoje, Guilherme Socias Villela,
chamava a Cidade de Morano Calabro para que se fizesse o gemellaggio. Eu tive a honra, juntamente com o Prefeito Villela,
sendo seu Secretário do Governo, de assinar o Decreto que levou o n.º 7.932.
Mas, se eu disse que o tempo não passa, nós é que passamos, e isso é verdade,
as pessoas marcam a sua passagem no tempo. E os calabreses e seus descendentes
aqui em Porto Alegre continuam marcando, e marcando profundamente, a vida da
nossa Cidade; e de uma forma que nos faz felizes, que nos faz orgulhosos.
Porque eles trabalham, eles produzem, eles enriquecem esta Cidade e a amam como
se fosse a sua cidade; quer tenham eles vindo diretamente de Morano ou os seus
descendentes nascido aqui em Porto Alegre também.
Mas
o mundo vive hoje um problema sério, que é a falta da paz. E o Prefeito
Villela, na oportunidade, demonstrando a sua sensibilidade, juntamente com o
Prefeito de Morano, fazia essa irmanação das duas cidades. E entre os
considerandos que o Prefeito Villela colocava estão aqui: “Considerando que os
povos de todo mundo anseiam pela paz que poderá ser encontrada na comunhão de
intenções e na fraternidade que deve reger todas as relações humanas;
considerando a oportunidade de reafirmar o entrelaçamento dos homens de todas
as nações da Terra, como condição de manutenção da paz.” Esses dois
considerandos, entre outros, o Prefeito Villela colocava. E não há nada mais
importante, neste mundo onde a solidariedade desapareceu, do que buscarmos a
paz. Eu li, recentemente, o pensamento de um filósofo que dizia que se todo o
dinheiro gasto na guerra fosse usado para a paz, nós conseguiríamos vestir toda
a população do mundo – e são seis bilhões de pessoas -, de tal maneira que os
reis ficariam invejosos. Mas ele conseguiria fazer ainda, em todos os vales do
mundo, uma escola para que ninguém fosse analfabeto, mas mais do que isso, ele
conseguiria fazer no cume dos morros, de todas montanhas, um templo para que a
paz fosse cultuada permanentemente.
E
a comunidade calabresa, que faz o seu trabalho firme e eficiente nesta Cidade,
ajuda a fazer paz, porque ela dá trabalho, ela dá oportunidades. O mesmo que
lá, em outros lugares do mundo deveria acontecer. Aqui, os italianos, os
calabreses têm a irmandade dos italianos e uma vez por mês se reúnem e
confraternizam. E o que nós precisamos no mundo é paz, é confraternização. E
por isso o Prefeito Villela estava absolutamente certo quando chamou a atenção
de que irmanando as cidades nós conseguiríamos paz, nós aproximaríamos os povos
e os povos pensariam nos seus semelhantes. E quando nós começamos a pensar nos
nossos semelhantes, nós estamos começando a pensar na paz. Saúde e paz!
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra, em nome do Partido da Frente Liberal.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu ouvia os pronunciamentos
anteriores e, de certa forma, transportava-me no tempo. Vinte anos passados. Em
1982, éramos Vereadores; integrávamos a bancada do governo, na ocasião do
distinto governo, do competente governo, do honrado governo, do eficiente
governo de Guilherme Socias Vilella e havíamos feito uma opção. Havíamos,
naquele ano, marcado na história política do Rio Grande do Sul, face à
realização que um pleito direto para a escolha do Governo do Estado depois de
longos anos em que tal não ocorria. Lembro-me bem, eu tinha o Luiz Vicente como
meu companheiro de bancada, e nós dois tentamos chegar à Assembléia Legislativa
do Estado naquela oportunidade. Dizem alguns até que cometemos o equívoco de
concorrermos juntos em uma eleição na qual deveríamos ter somado esforços.
Todas
essas lembranças surgem, Prefeito Verle, em função do fato que hoje é
comemorado aqui. Quando o Prefeito Vilella, na ocasião, entendeu de fazer o
Decreto, nós não podíamos perceber o alto significado do fato. Nós éramos
acostumados a conviver na cidade de Porto Alegre, nós, que temos muito pouco de
descendência italiana, mas éramos acostumados a fazer a romaria em vários
pontos da cidade de Porto Alegre, onde a presença italiana, e calabresa mais
especialmente, fazia-se presente. Achamos o gesto visionário do Prefeito
Vilella digno de aplauso, e hoje a circunstância nos coloca de novo na tribuna
da representação popular no momento em que se festejam os vinte anos em que o
enlace Porto Alegre/ Morano-Calabro foi celebrado. É óbvio que essa
reminiscência só tem o condão de, nesta hora, acentuar a alegria de sermos, de
certa forma, partícipes dessa história que foi escrita por várias mãos, que vem
de muito tempo, não mais do século que passou, mas do século que antecedeu o
século que passou, porque nesses vinte anos tivemos uma mudança de século e uma
mudança de milênio.
Hoje,
podemos acolher, na cidade de Porto Alegre, o Presidente da Casa e o Prefeito
da Cidade. Todos nós, de coração aberto, recebemos, com muita alegria, com
muita satisfação, a presença de tão ilustres figuras que nos honram com suas
visitas. Por isso eu gostaria, em nome do Partido que represento nesta Casa, o
Partido da Frente Liberal, somar, às demais manifestações que aconteceram, a
nossa solidariedade com os pronunciamentos e, sobretudo, a nossa alegria de
sabermos que esta Cidade de Porto Alegre, que é irmã de Morano-Calabro, é uma
das melhores e maiores expressões da integração cultural que o mundo conhece.
Aqui, nenhum imigrante, vindo de onde tivesse vindo, teve a menor dificuldade
de se integrar, e não seriam os calabreses, os italianos, com o seu jeito
especial de verem e enfrentarem as coisas, que iriam vivenciar essa
dificuldade, muito antes pelo contrário, eles souberam aproveitar a abertura,
que é tradicional nesta Cidade, desenvolveram várias atividades empresariais e
comerciais, Ver. Vicente Dutra, ocuparam espaços e hoje têm expressão muito
forte na sociedade porto-alegrense. Por isso, quero cumprimentar as autoridades
que hoje recebemos, dizendo-lhes que foi muito bom, foi excelente, foi melhor
ainda do que o ato do Prefeito Villela, um dia as famílias primeiras, oriundas
da Calábria, de Morano, terem decidido vir para o Brasil, especialmente para
Porto Alegre. Isso começou a nos fazer irmãos, irmãos que somos agora por um
decreto que se festeja há vinte anos, mas irmãos, sobretudo, pela integração.
Os meus cumprimentos, voltem sempre, porque uma cidade-irmã está sempre de
portas abertas para os seus irmãos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Sr. Gennarino Laitano, Presidente do
Centro Calabrês do Rio Grande do Sul, está com a palavra.
O SR. GENNARINO LAITANO: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Brasileiros e italianos estão reunidos nesta Casa, que é a Casa do
Povo, para comemorar os vinte anos do gemellaggio
entre Porto Alegre e Morano Calabro. Passaram-se vinte anos desde que foi
promulgado o Decreto declarando as duas cidades irmãs. O grupo moranês, na
Capital Rio Grande do Sul, lutara para que a sua cidade de origem fosse aqui
reconhecida, pois reconhecido seria o trabalho e a colaboração dos seus filhos
imigrantes. Na liderança do movimento, esteve o Professor Dante de Laytano,
ilustre descendente de moraneses, que no presente evento homenageamos com
justiça.
Dividido
entre dois mundos, os imigrantes sonharam com os dois mundos reunidos no espaço
da Cidade que os hospedou e que amam. Se essa união aconteceu há vinte anos,
muito mais tempo tem o amor dos moraneses pela capital gaúcha. Tem mais de um
século, desde que os primeiros chegaram, na década de 1870, e foram ficando,
trabalhando, conquistando espaços na sociedade e para a mesma alcançando
contribuições. Encontravam a vida nova que buscavam diante das possibilidades
que a Cidade apresentava. E chegavam uns timidamente, e outros mais chegavam a
chamado dos parentes que lhes ofereciam o primeiro trabalho e as condições
iniciais de sobrevivência, onde ninguém era conhecido e onde outra língua se
falava. Logo sentiram-se em casa, a Cidade nunca foi hostil. E o modo de ser,
de pensar e de agir daqueles estrangeiros foi sendo aceito, apreciado e
valorizado. A hospitalidade porto-alegrense nunca lhes foi negada, e os
moraneses souberam e sabem agradecer.
A
comunidade cresceu, fez-se mais visível, ocupou espaço no múltiplo painel
porto-alegrense junto com outros estrangeiros que chegavam atraídos por um novo
mundo que se descortinava no Brasil Meridional. A comunidade aumentava
progressivamente, ramificava-se através dos filhos de brasileiros. O pequeno
comerciante na esquina, no armazém, no açougue, o barbeiro, o alfaiate, o
humilde sapateiro teve larga descendência. Os filhos dos moraneses
encontraram-se perfeitamente integrados na sociedade urbana. Muitos deles
tornaram-se expoentes culturais na mesma sociedade, como é exemplo Dante de
Laytano, que elegemos homenagear ao mesmo tempo em que, simbolicamente,
homenageamos tantos outros descendentes, cuja contribuição cultural é
sobejamente reconhecida, como também tem sido valorizada a contribuição para o
desenvolvimento econômico da cidade.
Mas
se brasileiros nos tornamos e se somos cidadãos porto-alegrenses, continuamos
reverenciando nosso belo paese de
origem, na encosta do Monte Pollino. O som dos sinos moraneses continuam
tocando em nossa lembrança, e não há dia de nossas vidas em que não seja
possível escutá-los. São os sinos de San Pietro, de San Nicola ou da Maddalena,
que um dia tocaram tristes a partida dos jovens que vieram “fazer a América” em
Porto Alegre. Hoje repicam festivamente, porque os filhos, os netos e os
bisnetos daqueles jovens honraram a origem e representam orgulhosamente, no
estrangeiro, o valor da gente italiana, que foi realmente capaz de ajudar e
fazer a América.
Ao
comemorarmos o gemellaggio, contamos
com autoridades italianas, rio-grandenses e, especialmente, com autoridades
calabresas, porto-alegrenses e moranesas. Contamos com amigos visitantes
moraneses, com membros da comunidade italiana na Cidade, como cidadãos
porto-alegrenses. Irmanados bendizemos e agradecemos por estarmos aqui, na “mui
leal e valerosa” cidade de Porto Alegre, sempre lembrando do milenar paese de Morano Calabro, onde está a
nossa origem, parte da nossa família, muitos dos nossos amigos, paese que reverenciamos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ministro Mário Penaro, Cônsul-Geral da
Itália no Rio Grande do Sul, está com a palavra.
O SR. MÁRIO PENARO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais autoridades.) É uma honra, é um prazer estar
aqui para participar de um evento muito especial porque marca uma história de
vinte anos que duas cidades percorreram, cidades que agora se encontram para
fortalecer essa relação. Estou muito contente por ser testemunha dessa ocasião,
porque ela me oferece uma oportunidade para aprofundar um pouco o trabalho que
comecei já no dia em que cheguei em Porto Alegre, 1.º de agosto. Dei-me conta,
nesse dia e nas primeiras semanas de minha chegada a Porto Alegre, de que tenho
uma grande responsabilidade, porque a comunidade italiana em Porto Alegre e no
Rio Grande do Sul é, de verdade, uma das maiores. Contamos com quarenta mil
cidadãos italianos com passaporte e com três milhões de origem italiana o que
significa para o Rio Grande do Sul quase 30% da população deste Estado.
Por
isso penso que tenho também um lugar muito especial neste Estado, nesta Cidade,
e tratarei de cumprir com essa responsabilidade através do meu trabalho,
através das iniciativas.
Tratei
de desenhar um pouco um esquema que pode fortalecer um trabalho de integração
nesta Cidade para a nossa estrutura, tratar de ajudar um pouco a modernização
de um consulado um pouco envelhecido e tratar também de tomar iniciativas nesta
Cidade, porque creio que somente através das iniciativas uma estrutura como um consulado
pode demonstrar como fazer seu papel.
Contamos
hoje essa história de homenagem de duas formas: através de uma visita oficial
de um grupo importante de autoridades locais e através de uma amostra de
fotografias que representam uma pequena contribuição desse esforço no setor
cultural que Porto Alegre está marcando de uma maneira muito
significativa.Estou apreciando muito tudo o que se faz nesta Cidade para criar
nesse setor cultural e no setor social motivos para crescimento.
Eu
creio que Porto Alegre está merecendo a colocação no mapa do mundo que esta
administração cumpriu, a nossa, quando decidiu tomar iniciativas. Eu também sou
um produto dessa iniciativa, de colocar Porto Alegre no mapa do mundo, porque
conheci essa realidade através dos periódicos dos jornais da Itália que
contaram os encontros que se realizavam em Porto Alegre.
Por
isso esse feito estimulou minha curiosidade de conhecer esta Cidade e por isso
cheguei no Brasil como representante de um País e descobri uma realidade muito
importante. Espero que esta visita possa ajudar nossos esforços para acompanhar
o projeto de Porto Alegre de crescimento. E por isso vamos discutir com a
delegação que chegou da Itália e com as autoridades de Porto Alegre as maneiras
de fortalecer esta relação entre Morano Calabro e Porto Alegre, entre a Itália
e o Brasil. Espero também poder contar com a ajuda de vocês para enriquecer
este projeto e seguir tomando iniciativas. Muito obrigado e até a próxima vez.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passaremos à leitura do discurso do Sr. Mirko Tremaglio que será feita pelo Conselheiro Francesco Guaragna.
O SR. FRANCESCO GUARAGNA: (Discurso em italiano.)
Tradução
do Ofício:
Roma, 15 de novembro de 2002.
Prot. n.º 6096-02/SP
“Prezado Conselheiro Francesco Guaragna,
Conforme informado a V. S.ª, por minha
secretária, infelizmente não poderei estar presente fisicamente, mas estarei de
coração, para compartilhar com todos os nossos concidadãos este momento, com a
esperança de poder, o mais breve possível, encontrá-los em terra brasileira.
Confio a V. S.ª, e a todos os integrantes
de sua delegação, a minha fraterna mensagem.
A V. S.ª, prezado Conselheiro, estendo,
com sincero agradecimento à sua administração pelo trabalho prestado aos
concidadãos, as minhas cordiais saudações.
Min. Mirko Tremaglia.”
Mensagem do Ministro Mirko Tremaglia para
os italianos no mundo:
Caros concidadãos,
É grande a dívida de amor e
reconhecimento que a Itália oficial e política cultiva em relação a outra
Itália: uma imensa comunidade constituída por quatro milhões de cidadãos e por
outros sessenta milhões de descendentes. Cada vez que uma delegação italiana
visita uma comunidade de concidadãos emigrados, contribui, reforçando os laços
com a Pátria de origem, para saldar esta imensa dívida, que nasce, ante de mais
nada, da extraordinária contribuição que, com rapidez e disponibilidade
excepcional ao sacrifício, os concidadãos, obrigados a partir para buscar a
sorte longe de sua terra, deram, em termos de civilidade e de humanidade, ao
progresso dos países que os hospedaram. Essa realidade, muitas vezes abandonada
e negligenciada, não pode permanecer encoberta por mais tempo. A Itália deve
conhecer, e, conhecendo, amar os italianos no mundo. É a nova disputa que
acompanha aquela, do mesmo modo inevitável, da batalha pelos direitos, sempre
difícil e árdua, mas, por outro lado, indomável por traduzir, nos fatos, a
carta da Constituição.
Fico feliz, agora, que uma
delegação de Morano visite Porto Alegre, no Brasil, onde eu mesmo tenho em
mente estar nos próximos meses para encontrar a numerosíssima comunidade
italiana. Eu escrevi, também, com votos de um prestigioso sucesso eleitoral
para o recém-eleito Presidente Lula, expressando o desejo de poder encontrá-lo,
em breve, em seu País. Somente assim, reforçando os contatos diretos e
renovando os sentimentos de sincero afeto para com a Pátria, sempre tão
presentes entre os italianos no mundo, será possível derrubar, definitivamente,
aquele muro de incomunicabilidade que, freqüentemente, se interpôs,
absurdamente, entre a Itália oficial e a outra Itália. Isso, juntamente com a
promoção e a tutela dos direitos, sempre foi o fio condutor do meu compromisso
ao longo de dez anos na política, e, há mais de um ano, é o espírito que anima
o Ministério por mim presidido.
Em Porto Alegre, reside uma comunidade de
mais de quinze mil moranesi, e é a vocês que desejo que chegue o meu abraço
fraterno, porque, apesar da minha impossibilidade de participar diretamente
deste importante evento, saibam que estou próximo como se está às pessoas mais
chegadas. Os italianos no exterior são a minha vida, a minha família.
Na esperança de poder encontrá-los em
breve em terra brasileira, envio a cada um de vocês a minha saudação e o meu
abraço italianíssimo.
(a) Min. Mirko Tremaglia”
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Além da participação dos Vereadores que
já utilizaram a tribuna, devo anunciar a presença do Ver. Marcelo Danéris,
Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores; do Ver. Isaac Ainhorn, Líder da
Bancada do Partido Democrático Trabalhista; do Ver. Ervino Besson; do Ver.
Valdir Caetano; do Ver. Raul Carrion; do Ver. Sebastião Melo e dos sempre
Vereadores Vicente Dutra e Wilton Araújo. (Palmas.)
O
Dr. João Verle, Ex.mo Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, está
com a palavra.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Porto Alegre tem nove cidades-irmãs, e Morano Calabro é a menor
delas, mas certamente aquela com a qual nós temos mais afinidade, mais que
Punta del Este e Rosário, nos vizinhos países do Uruguai e da Argentina. Temos
aqui uma colônia moranesa de duas mil pessoas, lá nascidas, e, aproximadamente,
mais treze mil descendentes. Se a Legislação italiana permitisse aos italianos
e descendentes no exterior votar para sindaco,
certamente os candidatos de Morano Calabro teriam de fazer campanha em Porto
Alegre. Se fosse permitido ainda que se candidatassem moraneses que vivem fora
da Cidade, nós poderíamos eleger aqui o Prefeito de Morano Calabro. Isso mostra
bem a importância desse gemellaggio,
dessa irmanação que, em muito boa hora, o ex-Prefeito Guilherme Villela
assinou, certamente muito bem assessorado e orientado por pessoas que
perceberam a importância desse relacionamento.
Nós
temos a alegria de ter conhecido, como Sindaco, Paternostro no domingo, num programa de rádio que proporcionou o
nosso amigo Carmine Motta. Foi um contato intermediado, porque eu não falo
italiano e nem ele o português, mas a gente se comunica independentemente do
idioma.
Eu
estive, recentemente, autorizado por esta Casa, em visita a Firenze, no Fórum
Europeu de Autoridades Locais e no Fórum Social Europeu, dois grandes acontecimentos
recentes, acostumei um pouco o meu ouvido ao italiano, e digo com alegria que
entendi perfeitamente os pronunciamentos que aqui foram feitos em italiano.
Claro que alguma palavra me escapa, mas isso mostra realmente que nós temos
também essa proximidade.
Recebi
hoje, pela manhã, no meu gabinete, o Prefeito e a Delegação, e se estabeleceu
imediatamente uma empatia muito forte. A proximidade realmente se verifica em
cada gesto, em cada ato. Continuou no almoço que nós tivemos quando eu pude perceber
que o Sr. Sindaco - e ele manifestou
aqui na sua fala - tem interesse de que essa irmanação, esse gemellaggio, não se comemore a cada dez
anos, mas que signifique uma relação permanente, um intercâmbio concreto,
cultural, social, inclusive comercial. Isso é bom, realmente nós podemos obter
proveitos mútuos também para os nossos povos.
Recebi,
com satisfação, o convite para visitar aquela Cidade que, por fotos, por
descrição, embora pequena, me parece belíssima. Não vou assumir aqui nenhum
compromisso, porque costumo cumpri-lo sempre, mas farei um grande esforço para
lá estar.
Quero
aproveitar para convidar já o Sindaco para que aqui esteja no ano que vem, em
janeiro, no Fórum Mundial Social n.º 03 e no Fórum de Autoridades Locais, que é
promovido pela nossa Prefeitura de Porto Alegre. Se não puder vir em janeiro,
certamente, ainda no primeiro semestre nós faremos uma semana de comemorações,
de festejos, de confraternização com as cidades-irmãs de Porto Alegre e
certamente Morano Calabro estará presente.
Quero,
para finalizar, dizer da nossa alegria em receber essa delegação, dizer que
Porto Alegre é também a Casa de moraneses, sintam-se à vontade, esta Casa é de
vocês. Voltem sempre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Convidamos a todos os presentes a
ouvirmos a execução do Hino Rio-Grandense.
(Ouve-se
o Hino Rio-Grandense.)
Queremos
agradecer a presença de todos, e de forma muito especial à delegação que nos dá
a honra da sua visita.
Convidamos
a todos para que posteriormente façam uma visita ao saguão desta Câmara de
Vereadores, à mostra promovida pelo Centro Calabrês; sem dúvida nenhuma, uma
bela mostra que resgata, com muita firmeza, a relação de irmanamento entre as
Cidades de Morano Calabro e Porto Alegre.
Damos
por encerrada a presente Sessão. Uma boa noite a todos.
(Encerra-se
a Sessão às 20h44min.)
* * * * *